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2012 - Livro Vermelho 2013

Podostemum distichum (Cham.) Wedd. LC

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 26-04-2012

Criterio:

Avaliador: Luiz Antonio Ferreira dos Santos Filho

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Podostemum distichum caracteriza-se por ervas aquáticas e/ou rupícolas, de 1-15cm decomprimento. Ocorre nos biomas Mata Atlântica, Pampas e Cerrado, encontrada emfloresta ombrófila densa, floresta estacional semidecidual, floresta estacionaldecidual, preferencialmente em ambientes aquáticos, entre 60-1200m de altitude.Apresenta EOO de 598.469,417km². Amplamente distribuída na região sul doBrasil, chegando ao sudeste no estado de Minas Gerais e a centro-oeste emGoiás. Apesar da intensa supressão dos habitats originais de ocorrência daespécie, ainda hoje intensamente degradados, não há ameaça direta que a coloqueem alguma categoria de ameaça. Não ameaçada no âmbito nacional (Bove, C.P., com. pessoal).

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Podostemum distichum (Cham.) Wedd.;

Família: Podostemaceae

Sinônimos:

  • > Podostemum glaziovianum ;
  • > Podostemum schenckii ;
  • > Lacis disticha ;
  • > Podostemum chamissone ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Descrita em Prodromus. 17: 73. 1873. Espécie apresenta a maior variabilidade morfológica do gênero, com folhas pequenas ou muito divididas, verticiladas ou não, e estames curtos ou longos. Difere-se das outras espécies pelas divisões foliares em três dimensões (Mello et al., 2011).

Distribuição

Ocorre nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Bove, 2012), entre 60-1200m de altitude (Philbrick; Novelo, 2004).

Ecologia

Caracteriza-se por ervas pequenas a de tamanho médio, de 1-15cm, aquáticas; coletada com flores em Junho (Aona; Amaral, 2007; Bove, 2012); apresenta grande desenvolvimento, tanto horizontal como vertical, em superfícies rochosas (Philbrick; Novelo, A., 2004).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes A Mata Atlântica já perdeu mais de 93% de sua área e menos de 100.000 km² de vegetação remanesce. Algumas áreas de endemismo, como Pernambuco, agora possuem menos de 5% de sua floresta original. Dez porcento da cobertura florestal remanescente foi perdida entre 1989 e 2000 apenas, apesar de investimentos consideráveis em vigilância e proteção. Antes cobrindo áreas enormes, as florestas remanescentes foram reduzidas a vários arquipélagos de fragmentos florestais muito pequenos, bastante separados entre si. As matas do nordeste já estavam em grande parte devastadas (criação de gado e exploração de madeira mandada para a Europa) no século XVI. As causas imediatas da perda de habitat: a sobrexplotação dos recursos florestais por populações humanas (madeira, frutos, lenha, caça) e a exploração da terra para uso humano (pastos, agricultura e silvicultura). Subsídios do governo brasileiro aceleraram a expansão da agricultura e estimularam a superprodução agrícola (açúcar, café e soja). A derrubada de florestas foi especialmente severa nas últimas três décadas; 11.650km2 de florestas foram perdidos nos últimos 15 anos (284 km² por dia). Em adição à incessante perda de hábitat, as matas remanescentes continuam a ser degradadas pela extração de lenha, exploração madeireira ilegal, coleta de plantas e produtos vegetais e invasão por espécies exóticas (Tabarelli et al., 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes A área total de Campos no sul do Brasil era 18 milhões de hectares, ao passo que em 1996 a área estava em 13,7 milhões de ha (i.e. 23,7% da área total dessa região), sendo 10,5 milhões ha no Rio Grande do Sul (área total: 28,2 milhões ha), 1,8 milhão ha em Santa Catarina (área total: 9,6 milhões ha) e 1,4 milhão ha no Paraná (área total: 20 milhões ha). Um decréscimo de 25% da área total dos campos naturais ocorreu nos últimos 30 anos devido a uma forte expansão das atividades agrícolas. Houve um aumento significativo na produção de milho, soja e trigo, o que se deu às custas dos campos naturais, além da produção de arroz. Atualmente os três Estados da região sul do Brasil produzem 60% do arroz no Brasil. O cultivo de árvores exóticas tem recebido muitos incentivos, tanto das indústrias privadas quanto do governo, para a produção de celulose principalmente. Particularmente nos campos do Planalto Sul-Brasileiro, áreas que antes eram utilizadas com a pecuária foram transformadas em plantações de Pinus sp. de grandes extensões, essas densas monoculturas não permitem o crescimento de plantas no sub-bosque, o que agrava significativamente os danos causados por esta atividade. Na região sul do Rio Grande do Sul também há a pressão exercida pelo plantio de Eucalyptus sp., também levando à perda de espécies campestres. A intensificação dos sistemas de produção pecuária tem levado ao aumento na área de pastagens cultivadas. Apesar da alta produtividade e potencial forrageiro de muitas espécies nativas, elas não são exploradas comercialmente e as pastagens cultivadas são produzidas principalmente com espécies exóticas. Outra forte ameaça é o sobrepastejo, que possui conseqüências negativas para a cobertura do solo, facilitando a degradação em regiões com condições de solos vulneráveis, acelerando o processo de erosão. Apenas 453km² dos Campos Sulinos estão protegidos em Unidades de Conservação de proteção integral, o que equivale a menos de 0,5% da área total desta formação vegetal. A maior parte deste percentual está nos mosaicos de Campos e floresta com Araucária, nos Parques Nacionais dos Aparados da Serra, da Serra Geral e de São Joaquim (norte do RS e SC) (Overbeck et al., 2009).

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Observações: Espécie considerada Vulnerável (VU) pela Lista vermelha da flora de São Paulo (SMA-SP, 2004).

Referências

- OVERBECK, G.E.; MÜLLER, S.C.; FIDELIS, A. ET AL. Os Campos Sulinos: um bioma negligenciado. In: PILLAR, V.P.; MÜLLER, S.C.; CASTILHOS, Z.M.S.; JACQUES, A.V.A. Campos Sulinos: conservação e uso sustentável da biodiversidade. p.26-41, 2009.

- BOVE, C.P. Podostemum distichum in Podostemun (Podostemaceae) in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB013681>.

- MELLO, A.S.; TAVARES, A.S.; TREVISAN, R. Podostemaceae na Região Sul do Brasil., Rodriguésia, Rio de Janeiro, v.62, p.867-885, 2011.

- BOVE, C.P.; PHILBRICK, C.T. Podostemaceae. In: STEHMANN, J.R.; FORZZA, R.C.; SALINO, A. ET AL. Plantas da Floresta Atlântica. p.438-439, 2009.

- AONA, L.Y.S.A.; AMARAL, M.C. Podostemum (Podostemaceae). In: MELHEM, T.S.; WANDERLEY, M.G.L.; MARTINS, S.E.; JUNG-MENDAÇOLLI, S.L.; SHEPHERD, G.J.; KIRIZAWA, M. Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo: FAPESP, p.251-252, 2007.

- TABARELLI, M.; PINTO, L.P.; SILVA, J.M.C.; ET AL. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira., Megadiversidade, p.132-138, 2005.

- PHILBRICK, C.T.; NOVELO, A. Monograph of Podostemum (Podostemaceae)., Systematic Botany Monographs, v.70, p.1-106, 2004.

Como citar

CNCFlora. Podostemum distichum in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Podostemum distichum>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 26/04/2012 - 17:56:20